Se um dia alguém me perguntar como foi 2020, desconfio que a resposta será sempre um olhar embasbacado, seguido de um "eu xei lá, menina!" - na melhor das hipóteses, e espero nunca mudar de opinião!
Ao mesmo tempo que pareceu demorar um século a passar, também voou. Ontem apercebi-me de que estive quase metade do ano em teletrabalho. Estive com os meus amigos uma ínfima parte do tempo que queria, e sobre o tempo que estive com a minha família... prefiro nem falar. Temos o nosso ninho há mais de dois meses, mas ainda não conseguimos mostrá-lo aos nossos amigos - e raios, nem sequer conseguimos montar a casa em condições porque tudo tem uma logística muito mais complicada e queremos evitar riscos desnecessários. Tenho plena consciência de que sou "histérica" para muitos dos que me rodeiam, embora não me tenha fechado ao mundo, mas prefiro pecar por excesso do que arrepender-me de pôr os meus em risco. O respeito que devo a quem está a lutar contra isto e a vontade de proteger a saúde é maior do que o FOMO.
Por outro lado: conseguimos cumprir uma meta importantíssima na nossa vida, temos saúde, tudo está bem nos nossos trabalhos, temos amor, temos novo membro na família, e viva a tecnologia que nos permitiu manter o contacto, mesmo à distância, e até nos deixou fazer algumas coisas giras nos nossos projectos, como workshops e criações na in skené, e aprender imenso este ano. Há uma vacina, há SNS, há apoio social, há segurança.
Tenho plena consciência de que quase tudo o que escrevo recentemente de mais pessoal tem uma névoa por cima, mas juro - juro! - que não estou pessimista. Mesmo. Os ciclos repetem-se, e calhou-nos ficar com a pandemia no nosso leque de histórias para contar a netos - que isto passe depressa para podermos contar esta história sem ficar com saudades de ninguém a apertar o coração, é o que peço. E, a quem já perdeu alguém, só me resta deixar um grande abraço. Isto é uma merda, é uma grande merda.
Mudamos de ano, mas não mudamos de vida - não tenho ilusões, não espero que no dia 1 de Janeiro algo de mágico aconteça para ficar tudo bem. Mas, e este é um grande, gigante, enorme mas, há esperança! Esperança de que daqui a um ano já nos possamos abraçar e festejar 2022 em condições (porque apesar das vacinas ainda vamos demorar até poder largar as medidas de prevenção todas). Veremos. Fingers crossed! E máscaras e abraços virtuais e a certeza de que quando eles vierem a sério vão ser muito mais apreciados!
Que 2021 seja bem menos eventfull, que tenha menos surpresas, e que as que venham sejam boas. Que as pessoas se eduquem e se informem com base em factos e não em opiniões desinformadas, que votem de acordo com a verdade e não com base em populismos, que se vacine com vontade, que haja sossego e respeito pelo outro, e que possamos abraçar. São os meus desejos para 2021: abraços!
Que bom descobrir que o blog voltou! Um bom ano :)
ResponderEliminarObrigada por voltares também, Inês!
EliminarUm excelente ano para ti também Joana!
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