Shorts - c/o Zaful (discout code: Laura ZF) | Sweater - Pimkie |
Fui a primeira dos meus amigos a cantar, e a primeira do grupo inteiro que nunca tinha feito isto na vida. Tremi como já não tremia há muito tempo. De cada vez que eu queria parar e a formadora me mandava continuar, eu quase tinha um enfarte. A minha voz falhou imenso por causa disso. Desafinei, perdi-me na letra, tive risinhos nervosos, the whole thing. Estava uma pilha de nervos e isso notou-se. Quando parei, os joelhos quase fraquejavam e os olhos estavam marejados - parecia que tinha estado ali durante uma eternidade, de olhos fechados porque a vergonha era gigante. Bateram-me palmas - "obrigada por reconhecerem o meu esforço", pensei. E o abraço da formadora (que é uma querida, btw) foi reconfortante. Mas quando nos separamos e ela me diz "Que grande voz que tens aí escondida!" fiquei sem reacção. "Tens voz para jazz! Gostas de jazz?! Começa a tentar cantar algumas coisas da Nina Simone ou da Ella Fitzgerald!" e eu sem perceber o que raio estava a acontecer. Como assim cantar jazz?! Isto vindo de alguém que é cantora lírica e que domina qualquer estilo, que já actuou com as melhores orquestras, e que tem uma voz que dá arrepios de tão poderosa que é.
E cinco minutos depois, com meia dúzia de exercícios que focavam os problemas na voz e na dicção que eu já sabia que tinha mas que nunca tinha percebido como resolver, estava eu a passar de uma versão tímida da "Amar pelos Dois" (sim, foi o que estava na cabeça, bem que podia ter escolhido algo mais fácil!), para abrir a goela e a mente e surpreender-me por o meu Se um dia alguém estar a sair de mim com tanto power e sem desafinar (se soava bem, isso já não prometo, mas pelo menos não desafinei!). A seguir, os meus amigos que também nunca tinham cantado fizeram as suas primeiras versões tímidas e tremidas das músicas que escolheram, depois de mil "ah mas eu não tenho voz para cantar", tal como eu, e, tal como eu, cinco minutos e uma injecção de confiança da formadora depois, estavam sem tremeliques a cantar afinados.
Honestamente, acho que o maior trabalho que foi feito naquela manhã não foram os exercícios de controlo da voz. Foi tirarmos da nossa cabeça o "eu não sei fazer isto e vou fazer figura de parvo". Foi tirarmos da nossa cabeça os "ai cala-te, estás a estragar a música!" que ouvimos (que eu sou culpada de dizer, e de que agora me arrependo tanto!), foi esquecermos o "o que é que vão pensar de mim?!". Ontem percebi a força que a nossa percepção de nós mesmos e que o medo de parecer palerma tem sobre nós: bloqueia, paralisa, impede-nos de melhorar e de descobrirmos do que somos verdadeiramente capazes. Se vou começar a cantar abertamente depois disto? Não me parece. Ou...quem sabe? Tenho consciência de que não tenho uma voz de anjo, mas aparentemente não é tão má como eu me convenci que era!
E agora, penso...quantas mais coisas na minha vida não faço porque me convenci que não sei ou não consigo sem nunca ter tentado ou explorado a sério? Consigo lembrar-me de algumas...
Quem sabe os talentos que temos dentro de nós e não exploramos por medo?
Quantas portas temos fechado a nós mesm@s à conta de pré-conceitos que criamos na nossa cabeça ou que nos são lá plantados?
Food for thought. Talvez esteja mesmo na altura de mandarmos os medos para trás das costas... :)
E aproveito para vos sugerir uma pesquisa pelo talento da Ana Maria Pinto, que nos deu o workshop pela associação Novaterra. Não é publicidade, é opinião honesta de uma não-cantora que ficou genuinamente surpreendida com a magia que uma boa formação faz e as lições que nos ensina!
As peças marcadas com c/o foram gentilmente cedidas pela marca. O conteúdo publicado é da minha autoria e a minha opinião honesta.
Já fiz parte de um grupo de teatro amador e adorava todos os workshops que fazíamos, aprendíamos sempre tanto e aprendíamos imenso acerca de nós próprios. Beijinhos*
ResponderEliminarÉ maravilhoso :) este mundo das artes traz-nos tanto <3
EliminarNão há mesmo nada mais importante do que tirarmos essas ideias da nossa cabeça... Que não conseguimos entendes? És maravilhosa babe!
ResponderEliminarTHE PINK ELEPHANT SHOE
Seja lá para o que for <3 um beijo!
EliminarPor vezes surpreendemo-nos e aprendemos muito mais com as coisas do que estávamos à espera, e isso é muito bom!:D
ResponderEliminarAnother Lovely Blog!, http://letrad.blogspot.pt/
Oh se é :D só falta coragem para repetir a dose!
EliminarSabes, essa lição sobre a vida, e como nos impomos limitações, vale tanto...
ResponderEliminarUm beijo.
Oh se vale, Natália... :)
EliminarAinda bem que falas em cantorias, pois, é dos pequenos talentos que mais escondo do mundo! Recordo-me de no básico, ter participado de uma versão dos ídolos pela escola, e após ter tido um acesso de nervosismo, esquecer-me da letra e expor-me ao ridículo, em frente da escola inteira, nunca mais ousei cantar em frente de pessoas. Já faz um bom tempo de isto aconteceu, no entanto, reconheço que de uns tempos para cá, a minha voz tem melhorado imenso, apesar de não a treinar. Ela tem, decerto, os seus dias de glória, mas na maior parte das vezes, quando estou sozinha e completamente à vontade, deixo-a voar!
ResponderEliminarO maior desafio, até hoje, foi ter-me libertado numa viagem de carro com os amigos, onde um deles deu o seu show, inspirando-me a perder o medo. Nenhum deles sabia que eu cantava, logo, o choque foi real. Desde então, nunca mais o fizemos, mas guardo esse dia com imensa ternura!
E caraças, que bom teres ultrapassado esse medo! Agora fiquei super curiosa para ouvir a tua voz, em modo jazz!! :P
novo blogue: IMPERIUM
Que bom ler-te, Lyne! Caramba, às vezes limitamo-nos por traumas tão...mesquinhos. Sei lá. Se calhar até nem precisavas disso :) let it go! Há tanta, tanta gente por aí que esconde os talentos por medo, não o faças :) e contra mim falo ahah! Um beijo!
EliminarPS: Se um dia houver oportunidade de me ouvires, serás a primeira a saber :p