Tudo começa naquilo que talvez até os leigos na matéria tenham ouvido falar, comunmente chamado "O Método": embora o próprio autor, Constantin Stanislavski, nunca tenha aceite esta nomenclatura, os princípios que sugeriu para a construção das personagens e trabalho do actor, que foram mudando de acordo com a sua experiência, ficaram conhecidos através do Actors Studio e hoje em dia há alguns actores que são conhecidos como d'O Método: Al Pacino, Jack Nicholson, Marlon Brando, Julianne Moore, Marilyn Monroe, entre tantos outros. Recordam-se dos exageros do Jared Leto ao preparar o Joker e do Leonardo DiCaprio ao preparar-se para o The Revenant? Yep, culpem O Método - levado ao exagero, lá está!
Há cinco "princípios" que guiam esta metodologia de trabalho:
SUPEROBJECTIVO
O superobjectivo é o objectivo final na mente da personagem em cada momento. Imaginem que alguém está a tentar chegar rapidamente ao trabalho, e está atrasado. O seu objectivo será chegar o mais depressa possível, mas o seu superobjectivo pode ser, por exemplo, ser promovido - e se chegar atrasado esse superobjectivo pode estar em causa. Não tem que ser obrigatoriamente cumprido, e pode mudar ao longo da peça, mas a cada momento rege as acções das personagens.
OBJECTIVO
O objectivo é definido cena a cena. Vai mudando à medida que a acção avança, e até pode haver mais do que um por cena - importa perceber quais são, e o actor deve agir sempre com eles em mente.
CIRCUNSTÂNCIAS DADAS
Como qualquer ser humano, a personagem é influenciada pela sua envolvente: aqui entra o contexto histórico, a época, a localização, o seu contexto familiar e social, e toda a informação que possa ter impacto na sua vida e personalidade, como a sua história de vida.
MAGIC IF
O magic if é um artifício a utilizar como forma de compreensão da personagem: e se fosse eu? E se fosse eu, actor, dado o contexto de vida, a personalidade e as circunstâncias dadas na história da minha personagem? A magia do teatro passa muito por nos pormos do papel do outro: é o exercício perfeito de empatia, em que o actor tem que ser capaz de defender as acções da sua personagem até às últimas consequências, por muito distinta que ela possa ser de si mesmo, criando assim a verdade interior da personagem.
MEMÓRIA AFECTIVA
E aqui entra a parte mais "esotérica" de tudo isto - e onde utilizamos os sentimentos de uma forma mais livre. Há escolas de teatro que defendem que o actor deve ser capaz de se tornar na máquina perfeita, capaz de reproduzir cada instrução de forma exacta e transmitindo exactamente o que pretende, com controlo perfeito. No entanto, esta não é a abordagem de Stanislavski: este defende que todas as acções devem ser de Verdade. Orgânicas, verdadeiras. Necessariamente, isto implica que qualquer acção seja sentida pela personagem de forma real, o que nos obriga, como actores, a emprestar as nossas memórias à personagem, as nossas reacções, o nosso Ser, para que esta possa transformá-las e criar as suas próprias memórias e reacções.
Para vos dizer a verdade, este último ponto é aquele que mais adrenalina me traz. É um salto no vazio: expomo-nos, ao mesmo tempo que estamos resguardados pela nossa personagem. Sofremos e somos felizes fora da nossa realidade, num mundo à parte que só existe quando pisamos as tábuas. E somos felizes assim, até quando passamos as duas últimas horas a viajar por um mundo que deu cabo de nós. No fundo, somos felizes porque voltamos a ser crianças ingénuas a brincar ao faz-de-conta.
E sabe tão bem :)
Já sabem, se quiserem participar no ACMA basta enviarem um email para corsemfim@gmail.com, e a Ju dará toda a informação. E não se esqueçam de visitar os restantes posts - como já somos imensos, ficam só alguns dos participantes - se saltarem de blog em blog verão tudo! :)
Blogs participantes: Hey, Pêssegos | Anda Daí! | Miss Melfe | The Eyes of a Mermaid | Comic Life | Cor Sem Fim Alguns blogs e canais de Youtube convidados: Passion Girl | Viver a Viajar | Tanya Martins | Carolina Freitas | Inxcio
Gostei bastante!
ResponderEliminarSegui o blog
Beijinhos :)
http://mybeautyconspiracy.blogspot.pt/
É um tópico bastante interessante que não só nos faz aprender como também pensar e tirar imensas ilações! Beijinhos*
ResponderEliminarGostei Jiji, interessante, será um sucesso, bjs e boa semana
ResponderEliminarOlá!
ResponderEliminarSuper interessante 💖
Parabéns!
Muito sucesso para o blog e para a peça!
Beijokitaz
Antes de mais: espero que a peça seja um verdadeiro sucesso!
ResponderEliminarDepois quero dizer que adorei o post e o teu blog, não conhecia, mas obviamente que fiquei a seguir. Quanto ao teatro, sempre adorei, já representei algumas vezes, foi bom conhecer um pouco melhor todo este processo.
Beijo ♥
Trovoada dos Sonhos
O que me fizeste lembrar! Que post ótimo. Fiz a secundária no curso "Artes do Espetáculo - Interpretação" e os exercícios com o "método" foi o que muitas vezes fez os outros acharem a nossa turma os "maluquinhos" lá na escola. Não segui, não é algo que realmente me preencha, ser atriz, mas aprendi muito sobre tudo e sobre mim sobretudo durante todo o curso! Adorei e admiro-vos, atores, ainda mais por ter experienciado muito dentro da área! :)
ResponderEliminarQue tudo corra bem com o que aí vem. :P
Beijinhos
Automatic Destiny
Adorei este post! Achei bastante interessante. Sem dúvida que não deve ser nada fácil emprestarmos a nossa pele a uma personagem e fazermos das nossas emoções as delas e vice-versa.
ResponderEliminarUm beijinho,
inesmartinsxx.blogspot.pt
Adorei este post! Escrevo e estou agora envolvida num projeto de teatro e estas dicas foram bastante úteis. Vou guardar o post!!
ResponderEliminarUm beijinho,
Bia do Bookaholic.