Personal | The eyes of The Danish Girl

Os olhos são o espelho da alma.

Enorme cliché, eu sei. Mas para mim, e para os olhos do meu lado de actriz-sonhadora-wannabe, não há uma frase melhor. Apresentem-me uma peça, um filme ou uma fotografia muito bem executados, mas sem grande expressividade, e eu provavelmente gosto, esteticamente falando. Mas não passa disso. Apresentem-me algo que até pode não estar tão bem executado, mas em que os olhos estejam vivos e contem as histórias sozinhos, e têm-me completamente agarrada.

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Ontem fui ver A Rapariga Dinamarquesa. Ontem, para além de sair da sala com os olhos inchados de tanto chorar (sou tendencialmente choramingas ao ver filmes, ao ler, oh well), a Joana-actriz ganhou uma nova acting-crush.

Este Eddie Redmayne é um génio. Não desfazendo de todo o restante elenco e de todo o trabalho de realização, que está fantástico. A Alicia Vikander faz também um trabalho maravilhoso - conseguiu transportar-me ao lugar dela com uma facilidade mágica. Não falo da história porque essa é baseada em factos verídicos, mas que é também muito bem contada ao longo do filme, de uma forma que nos prende.

Mas o que de facto me agarrou foi a expressividade do Eddie Redmayne e a personagem que construiu. O acompanhar da evolução da personagem de uma forma extremamente subtil mas que, quando nos apercebemos, já apresenta uma pessoa totalmente diferente e, ainda assim, totalmente verdadeira. A expressividade no olhar que nos conta todos os pensamentos sem dizer uma única palavra. A leveza dos gestos e a capacidade de replicar todas as inseguranças, subtilezas e pormenores que um ser humano tão real - e não um "boneco" de uma mulher.

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Ontem, quando o filme acabou, precisei de uns 5 minutos para voltar a falar. Porque entrando na alma de alguém, custa a sair de lá. Porque quando pegam no nosso coração, o embrulham num pedacinho de veludo e o levam a passear durante duas horas, às vezes custa voltar a colocá-lo no lugar. E é destes passeios que o meu coração gosta. É desta magia que se faz a arte. São estes momentos que procuro quando entro numa sala de cinema ou quando estou à frente, atrás ou em cima do palco.

Perdoem-me o desabafo. Mas há coisas que preciso de deitar cá para fora, e quando vejo um trabalho tão bem feito e um talento tão grande, tão enorme e tão perfeito, tenho que o gritar aos sete ventos.

Sem spoilers, deu para perceber que gostei do filme, não deu?